Diante de um cenário incerto, de
grandes dificuldades econômicas, regionais e de enorme pressão por resultados,
a otimização da operação de movimentação e armazenagem de materiais poderá se
tornar a “tábua de salvação” de muitos profissionais da área de logística / supply
chain que precisam apresentar resultados no curto prazo, principalmente para
região norte, que é quase que totalmente dependente de centros de distribuições,
a otimização destes armazéns é o caminho mais rápido e simples para obter
resultados no curto prazo.
O armazém com boa gestão, propicia
inúmeras oportunidades de ganhos, e melhor ainda, com pouca ou nenhuma
necessidade de investimentos, e num prazo muito curto.
Mas como fazer isso e qual o caminho
a percorrer?
Primeiro, observe que as operações em
Centros de Distribuição são de mão-de-obra intensiva, mesmo naqueles em que a
automação tenha avançado de forma parcial ou total. A mão-de-obra representa entre
40% e 60% do custo operacional de um
armazém. Alguns mais ansiosos ou afoitos podem deduzir então que a saída é
reduzir a mão-de-obra, correto? Quase, mas não ainda. Vejamos o porquê disso. Segundo,
tratando de operações que dependem de muita mão-de-obra, é de suma importância
aproveitar o conhecimento e experiência que essas pessoas dispõem da rotina
diária. Precisamos captar esse conhecimento, identificar oportunidades de
melhoria e transformá-lo em ações objetivas que promovam a redução de custos
sem afetar o nível de serviço.
Em
operações de Centros de Distribuição as melhorias são processadas no sentido
bottom-up, ou seja, de baixo para cima. Porém, a grande maioria dos
profissionais que lideram essa área acreditam que as mudanças ocorrem no
sentido top-down, de cima para baixo.
Muitos gerentes, coordenadores e líderes
de armazéns trazem para si a responsabilidade exclusiva pela melhoria do
desempenho da operação. É importante esclarecer que sozinhos não conseguirão
nada, centralizar ou reter informações não é a saída para o sucesso.
Quer ver? Responda às seguintes perguntas:
1 - Sua equipe operacional é responsável por medir os
indicadores de produtividade, serviços e custos da operação? Eles se sentem
parte do processo de melhoria contínua?
2 - Sua equipe operacional tem acesso irrestrito a
computadores, domina Excel e Power Point e tem condições de elaborar planilhas,
gráficos e preparar apresentações?
3 - Sua equipe domina as ferramentas básicas da
Qualidade Total como PDCA, 5W2H, Diagrama de Ishikawa, DMAIC, brainstorming,
análise dos cinco porquês, Pareto, etc.?
Explicando
cada ferramenta:
PDCA: É um ciclo de
desenvolvimento que tem foco na melhoria contínua, aplicado para se atingir
resultados dentro de um sistema de gestão e pode ser
utilizado em qualquer empresa de forma a garantir o sucesso nos negócios,
independentemente da área de atuação da empresa.
5W2H: é basicamente um
plano de ações, uma forma rápida de verificação de execução de tarefas a serem
distribuídas aos colaboradores da empresa. Funciona como um mapeamento das
atividades e pode ser usada de várias formas: para organizar tarefas, escrever
um texto, enviar um e-mail ou escrever um relatório.
Diagrama de Ishikawa: É uma ferramenta
gráfica utilizada pela Administração para o gerenciamento e o Controle
da Qualidade (CQ). Este sistema permite estruturar hierarquicamente as
causas potenciais de determinado problema ou oportunidade de melhoria, bem como
seus efeitos sobre a qualidade dos produtos. Permite também estruturar qualquer
sistema que necessite de resposta de forma gráfica e sintética (isto é, com
melhor visualização).
DMAIC: é um conjunto de
práticas originalmente desenvolvidas pela Motorola para melhorar sistematicamente os processos ao eliminar
defeitos. Um defeito é
definido como a não conformidade de um produto ou serviço com suas
especificações. Seis Sigma também é definido como uma estratégia gerencial para
promover mudanças nas organizações, fazendo com que se chegue a melhorias nos
processos, produtos e serviços para a satisfação dos clientes.
Brainstorming: Ou tempestade de ideias, mais que uma
técnica de dinâmica de grupo, é uma atividade desenvolvida para
explorar a potencialidade criativa de um indivíduo ou de um grupo - criatividade em equipe - colocando-a a serviço de objetivos pré-determinados.
O “5 Porquês”: é uma técnica para encontrar a causa raiz de um defeito ou problema.
Esta ferramenta é muito usada na área de qualidade, mas na prática se aplica em
qualquer área, e inclusive pode ser muito útil em seu dia a dia. Foi
desenvolvida por Sakichi Toyoda (fundador da Toyota), e foi usada na no Sistema de Toyota de Produção durante a evolução de suas
metodologias de manufatura.
Pareto: conhecido popularmente como 80-20
4 - As
pessoas-chave da sua equipe operacional estão capacitadas em estatística
básica, custos e matemática financeira?
5 - Na sua operação é praticada a gestão à vista? (A gestão a vista tem como objetivo
disponibilizar as informações necessárias de uma forma simples e de fácil
assimilação, buscando tornar mais fácil o trabalho diário e também buscar pela
melhoria da qualidade.)
6 - São
realizadas reuniões diárias (ou pelo menos semanais) para a análise dos
problemas ocorridos?
7 - Existe um programa de remuneração variável atrelado à
realização das metas?
8 - A liderança de sua operação de movimentação e
armazenagem atua de forma positiva junto à equipe? Ela tem sido hábil em
transformar recurso humano em capital humano, ou seja, em agentes ativos de
mudanças e que efetivamente agregam valor para clientes internos e externos?
9 - Existem processos formais? Estes processos estão
devidamente orientados para a satisfação das necessidades e expectativas dos
clientes internos e externos do Centro de Distribuição, no qual se incluem os
motoristas das transportadoras, a área Comercial e Marketing, a área produtiva,
os canais de distribuição atendimentos, etc.?
10 - Existem “lacunas” ou redundâncias nos processos-chave do Centro de
distribuição? Os processos são seguidos pelos funcionários ou existem
atividades desenvolvidas em paralelo?
11 – Sua equipe conhece as peculiaridades e
dificuldades que envolvem todo processo logístico de sua região?
Se você respondeu NÃO à maioria das
questões acima, seguramente o seu CD não esgotou ainda as possibilidades de
melhoria na operação. Possivelmente exista espaço para reduzir custos em até
25% e melhorar o serviço de forma exponencial.
De nada adianta ter uma infra-estrutura física classe mundial e nem implantar o melhor sistema WMS (Warehouse Management System ou Sistema de Gestão de Armazéns) se você não souber aproveitar o conhecimento disponível em sua operação.
O caminho para as melhorias
significativas em armazéns passa primeiro pelos PROCESSOS, os quais dependem do
comportamento de PESSOAS. A sua equipe operacional, se motivada e estimulada a
cooperar, saberá rever os processos de forma simples e extremamente objetiva,
impactando diretamente, por exemplo, na redução de avarias e furtos, na
diminuição do índice de inversões de produtos que impacta no % de pedidos
perfeitos, na melhor unitização das cargas (Paletização ou conteinerização) e consequente
maior aproveitamento cúbico dos veículos, na diminuição dos acidentes
envolvendo empilhadeiras e na redução das paradas de equipamentos para
manutenção corretiva, na maior produtividade na conferência, estocagem e
separação de pedidos, na maior acuracidade entre inventário físico e contábil,
etc.
Obter resultados em armazéns pode ser mais fácil e mais rápido do que você imagina, e totalmente necessário, principalmente quando se tem uma dos mais complicados e onerosos processos logísticos do país. A redução de pessoal, o principal custo de um armazém, será uma consequência natural desse trabalho.
Pense
menos em contar com recursos financeiros para investir e direcione a sua
atenção para dentro, para o recurso mais importante, as PESSOAS. Pense nisso!
Pratique!
Muito bom este artigo.
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